Você já sabe que, de vez em quando, a gente adora contar
histórias de gatinhos e seus humanos, né? Desta vez, convidamos a Cris
Sakuraba, que tem 4 gatinhos em casa, 1 gatinho na casa da mãe - que é um pouco
dela também, e faz lar temporário para gatos bebês que perderam a mãe. Hoje o
trabalho dela, além do artesanato, é quase que focado em cuidar e ajudar estes
pequenos. Confira!
“Na infância tive muitos cachorros, e só fui ter um gatinho aos
15 anos, uma siamesa linda que não viveu muito porque no final da década de 70
não se costumava telar os apartamentos e ela caiu 2 vezes do terceiro andar. Na
segunda ela morreu e foi terrível, nunca me esqueci. Apesar da família ter 4 pessoas
, ela era mais ligada à mim. Com o trauma, só voltei a ter gatos quando já
estava com 40 anos. Desta vez, morando sozinha, coloquei redes de proteção no apartamento inteiro antes de trazer um gatinho
para cá.
Formando a família - Num belo sábado, saí pelo bairro tentando achar um gatinho e
acabei achando a Kiki num petshop. Ela estava em uma gaiola suja, toda
encolhida num canto, e havia mais dois em outro canto. Minha mãe estava comigo
e disse: “Aquela, pega aquela branquinha”. Eu, como queria qualquer gatinho,
aceitei a sugestão e a trouxe para casa. Conto isso porque de fato eu não a
escolhi...rs. Queria tanto que não importava qual cor ou sexo, só queria um
gatinho!
Hoje tenho 4 gatos em casa e 1 na casa da minha mãe. A primeira
foi a Kiki, que citei acima e vai completar 9 anos. O segundo foi o Clark e
veio 2 anos depois. É um laranja que veio da ONG da qual eu havia me tornado
voluntária. Ele já era adulto, estava no abrigo e, como era e é muito bonzinho,
sofria bullying de um gato alfa.
Apesar do receio de levar mais um gato para casa, encarei o medo
e o levei . Clark ficou num banheiro durante 1 ou 2 meses, não me lembro. Tive que tratá-lo de uma giardíase
persistente e, enquanto isso, Kiki foi se acostumando com a presença dele.
Quando sarou foi colocado no site para adoção. Então até apareceu um
interessado em adotá-lo... mas a verdade é que ele nunca mais saiu de minha
casa, faz 6 anos. E por conta do trauma de comer, até hoje sou obrigada a
acompanhá-lo até o pratinho de ração....rs
O terceiro também veio de um lar temporário. Era um filhote
pequenininho que foi resgatado de um mendigo por uma voluntária. Era tão
pequeno que estava no bolso do homem. Deram -lhe o nome de Pocket. Tinha a
pelagem siberiana. Era para ele ficar só alguns dias e acabou sendo adotado rs Só que , quando adulto, desenvolveu um gênio forte, alfa mesmo,
e então foi morar com meus pais. Hoje é um lindo e feliz gatinho que tem dois
humanos para mimá-lo. Minha mãe que não queria gato de jeito nenhum, mas hoje
faz qualquer coisa por ele...rs
Cuidando de bebês - Com tudo isso, há quase 6 anos comecei a cuidar de bebês
órfãos com mamadeira. Da primeira ninhada de 5 bebês, acabei adotando um, o
Gordo, um pretinho redondinho. Era um gato super assustado. Fiquei preocupada
em doá-lo e, aos poucos, fui me apegando e negando a doação dele. Não foi nada
tão passional, foi estranho. Mas foi o que tinha que ser. Sinceramente hoje ele
é um dos meus favoritos. E sou loucamente apaixonada por ele e por todos os
pretinhos do mundo...rs
A última é a Julinha, uma tigrada com branco, de 4 anos. Foi
resgatada na marginal Tietê por um policial militar, era uma bebezinha, devia
ter uns 45 dias de vida. Estava
com o rabinho todo em carne viva. O PM
levou-a a uma veterinaria antes de trazê-la para mim. Até hoje não sabemos se
se queimou embaixo do carro onde foi encontrada ou se alguma maldade foi feita. Tentamos um tratamento para salvar o rabinho, mas
não teve jeito e o rabinho foi amputado. Mas ela não sente a menor falta dele e
tem habilidade normal para tudo. Ficou no site para adoção algum tempo, mas ninguém
se interessou. Nesse tempo, ela se adaptou tão bem aos meus gatos que não tive
mais como doar...rs Hoje é a minha caçulinha amada. Uma gata super divertida e
feliz. Meus gatos ficaram muito mais ativos e felizes com a presença dela. A
vida ficou bem mais alegre, ela brinca como criança até hoje!
Minha paixão é cuidar de bebes órfãos. Nem sei como aprendi e
tenho tanto jeito para cuidar de mamadeiras.... já não lembro de quantas
ninhadas já cuidei. Todos doados e muito bem doados nesses 5 anos. No início
sim , era difícil doar, mas também fui aprendendo que era o melhor a se fazer
por eles! Deixei de lado o meu egoísmo e só pensava no bem estar deles para o
futuro, assim consegui me desapegar. Ficar comigo num apartamento pequeno com
um monte de gatos não era vida saudável para ninguém, muito menos para os
gatinhos. Sempre priorizei o bem estar do meus gatos e dos temporários".
Confira dicas da Cris
para cuidar de bebês gatos:
- São muitos detalhes, mas as dicas principais são: mantenha-os
aquecidos, bebês até 20 dias não conseguem reter, manter a temperatura corporal
sozinhos. Uma bolsa de água quente ou manta elétrica envolvida em um paninho,
mantinha, para não queimar o bebê.
- Além disso, eles não mamam se estiverem com frio e a digestão
também não ocorre.
- O leite adequado é fundamental para a sobrevivência. Uma
diarreia causa a morte dos bebês. A
diarreia é proveniente de leite que não é próprio para gatinhos! Além disso a
qualidade do leite também é importantíssima! Aprendi nesses anos todos que não
se deve usar uma lata desse tipo deleite que já esteja aberta há mais de 30
dias. Muita gente faz isso, guarda o que restou e usa depois . Com certeza vai
matar o gatinho por infecção.
- O único leite que recomendo é o Support Milk Cat. Depois que
descobri esse leite, nunca mais tive bebês com diarreia. E não aconteceu so
comigo, uma voluntária querida lá da ONG também descobriu e nunca mais perdeu
bebezinhos.
- Seguramente esse ponto é o mais importante, mais do que a
quantidade das mamadas, do horário certo ou massagem para necessidades
fisiológicas.
- Aquecimento e leite adequado salva bebês gatinhos. É claro,
sempre dar o leite com o bebê com a barriga para baixo e sem forçar, para que
não entre por via errada, o que tb causa a morte pro aspiração.
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